O que uma mochila da Company significava nos anos 80 para um Tijucano

O que uma mochila da Company significava nos anos 80 para um Tijucano

Se você tinha um Atari, usava tênis da Redley e ficou fascinado quando conectou-se a uma BBS pelo seu 386 novinho, certamente lembra do maior ícone fashion da década de 80: a mochila da Company.

A vida de um adolescente nos anos 80 era bem diferente da atual. Fazíamos trabalhos em biblioteca ou consultando a Barsa, tínhamos acesso a no máximo 6 canais de TV e os filmes estavam nas prateleiras da videolocadora, de onde você seria banido caso não devolvesse a fita rebobinada. Mas o desejo de ser aceito nos grupos descolados sempre foi o mesmo.  Não havia nada mais hype para um Tijucano do que ir à escola com a adorada mochila emborrachada, ostentando aquele C gigante nas costas. Eu tinha uma? Não. Só fui ter uma dessas nos anos 90.

Eu podia ser um revoltado? Sim, podia. E teria razões fortes para isso.

Eu podia ser um revoltado? Sim, podia. E teria razões fortes para isso.

 

A Company era uma referência de moda e estilo. Só ir a loja já se configurava um evento. A mais bacana era a de Ipanema, na rua Garcia D’Ávila.

Esta era a loja de Ipanema.

Esta era a loja de Ipanema.

 

Na Tijuca a Company ficava no Tijuca Off-Shopping. Não encontrei uma foto de lá. Mas ela ficava em frente a este BOB’S. A loja, claro, não existe mais. E recentemente soube que o BOB’s também fechou. #triste

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Não me lembro ao certo quando a marca sumiu do mapa. Mas deve ter sido quando deixei de ser um adolescente chatissimo e comecei a me interessar por outro tipo de roupas e acessórios. O que sei é que um belo dia a marca desapareceu. Fiz uma pesquisa e descobri que, após a morte de Mauro Taubman -um de seus fundadores, a Company passou por uma dura briga judicial entre os herdeiros que levou ao fim uma das grifes cariocas mais emblemáticas.

Company e suas mochilas: símbolo de status nos anos 80.

Company e suas mochilas: símbolo de status nos anos 80.

 

Além da mochila, outros itens faziam sucesso: camisetas, carteira, chaveiro, agenda e, o maior deles depois da mochila, a calça carpinteiro. Busquei aqui e encontrei alguns.

 

CARTEIRA

Se você não dinheiro para comprar a mochila, PELO MENOS tivesse a carteira (o que garantia um certo status na fila da cantina).

 

CHAVEIRO

Não encontrei o chaveiro-ícone da marca. O que era um C gigante. Esse muita gente tinha, já que era bem mais baratinho. Você podia ganhar no amigo oculto ou de presente de aniversário. Fiquei um mês voltando a pé pra casa para comprar o meu (podia ter sido menos tempo se economizasse no lanche, mas sempre tive muita fome). Este era um modelo mais surfista.

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AGENDA

Sim, nos anos 80 as coisas eram anotadas na agenda. E muito melhor anotadas se a sua agenda fosse da Company. Elas eram as agendas mais bacanas, cheias de compartimentos e adesivos. Pareciam até um cinto de utilidades. Com os modelos grandes você poderia se defender do bulling escolar.

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CALÇA CARPINTEIRO

Não encontrei nenhuma imagem da clássica calça carpinteiro da Company. Eu queria muito uma calça dessas, mas era muito cara. Quando tive meu próprio salário, e finalmente poderia ter uma, já não estavam na moda.

Não encontrei a calça carpinteiro. Então vem essa foto aqui pra ilustrar!

Não encontrei a calça carpinteiro. Então vem essa foto aqui pra ilustrar!

 

A MORTE SOCIAL

Caso você quisesse cometer suicídio social bastava, ao invés de Company, usar coisas da PIER. A loja era ruim? Não? As coisas eram cafonas? Não. Mas na Tijuca o povo implicava muito. Tive algumas coisas de lá, mas preferia me abster para não ser ouvir a célebre frase “sabe o que significa PIER?” e ser humilhado com uma resposta politicamente incorreta. Os anos 80 onde tudo era possível…

Tudo, menos PIER!

Tudo, menos PIER!

 

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About the author

Renato Giannini
Renato Giannini

Sou jornalista, publicitário, marketeiro convicto, professor e espectador do mundo. Observar me interessa mais do que interagir. Falo sobre as coisas que amo: livros, filmes, teatro, séries, realities shows, cães, Nova Iorque e os desafios que me imponho. Tenho pavor de telefone e paixão por SMS. Whats APP é meu nome do meio.

30 Comments

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  • Viajei tb, tive várias pq trabalhei 3 anos na Company da Tijuca e compravamos com um super desconto…rs..ah que saudades…foram anos super divertidos.

  • Bom Dia Renato , Muito prazer sou o inventor da Mochila da company, fui Diretor da Fabrica por 6 Anos quando a Empresa triplicou de tamanho, trabalhei com o Mauro e o Luis de Freitas e aprendi muito com eles, As mochilas tinham nomes tecnicos Mo-735 standart e Mo -200 dupla , de qual vc quer falar primeiro ? Hoje moro em Quebec No Canada, mande um Email caso haja interesse em saber mais detalhes do Glamour da Company no Rio de Janeiro. um forte abraco.

    • Olá J. Vincent! Parabéns pela criação desse sofisticado produto e que foi ícone de uma geração. Eu era muito fã dos produtos da Company, me vestia dos pés a cabeça. (tenis, calças, bermudas, sungas, inúmeras camisetas, bonés, carteiras) Ainda possuo duas mochilas uma de 1991 e outra de 1995 que usei no meu tempo de colégio e estão super conservadas. Gostaria que me ajudasse com uma informação sobre o material emborrachado da mochila. Meu e-mail é pvieira8@uol.com.br. Agradeço desde já!

    • Olá J. Vicent. Estou fazendo um trabalho de conclusão de curso e gostaria muito de saber mais sobre a criação e produção da Company. Caso você possa me ajudar de alguma forma meu email é: nat.massarani@gmail.com
      Obrigada!!

    • Sempre quis ter uma. Meu padrao sicial não permitia. Fui ter só camiseta quando comecei a trabalhar. Sou de Goiania, uma roça no centro-oeste.

      • O padrão de preços da Company era bem pesado. Também só tive uma mochila quando estagiava.;) Bjo!

    • Ola amigo tudo bem, mim passa seu email, preciso saber um pouco sobre a Company, ate hj tenho uma carteira que uso no dia a dia, possui um material muito resistente.

  • Por favor!!!!!! Não consigo lembrar do “que significa PIER”!!! Ajuda aí!!! Só lembro da OP (Operário Padrão)!!!

  • Ricardo Freitas

    PIER- PARAIBAS INVADEM O ESTADO DO RIO

    Usei muito PIER na infancia entre meus 13 a16 anos de idade
    até pq na loja de copacabana tinha as camisas lighting bolt
    que eu gostava muito………mais igual a company até hoje
    não existiu e nem vai existir…..foi uma soma de varias coisas
    na decada de 80…..musicas, o jeito de ser, o verão carioca
    copacabana bombava na decada de 80….matinee na boite
    help, noites cariocas no morro da urca, a mamão com açucar
    na lagoa, a lanchonete gordon em fim varias coisas que saudade
    meu deus….o Rio de Janeiro era maravilhoso…….abraço a todos
    Rogerio.

  • Boa noite a todos,

    Preciso da ajuda de todos, por favor: estou atrás de um adesivo (ou foto de um) da Company que tenha o dragão. Desde menina que prometi que teria essa tatuagem nas minhas costas (lembro do que envolvia o nome e do que ficava antes do nome) porque amava AQUELE dragão. E continuo querendo!!! Algum de vocês pode me ajudar? Agradeço desde já, meu email lilicath@gmail.com. Obrigada!!!

    • Puxa vida, eu lembro desse adesivo, era sobre uma coleção que a Company criou para o Ano do Dragão (chines). O brasão da Company era vermelho e era realmente envolvido pelo dragão. Uma vez eu vi esse adesivo em um vidro de um carro que ja estava no ferro velho, eu arranquei cuidadosamente e colei naquelas folhas transparentes que tinha no caderno. Mas meu caderno desapareceu. Talvez entre em contato com os membros da comunidade Company 1973 no facebook, O Luiz de Freitas (um dos fundadores) é o criador da comunidade.

      • A campanha da Company foi no ano de 1988, ano do dragão no horóscopo chinês, a coleção vinha com dragões envolvidos na logo, foi deslumbrante.

  • Vi em varios sites mochilas da company novas. Voltaram a fabricar as saudosas mochilas ou é algum espertalhão se aproveitando da onda retrô? Se nao me falhe a memória o modelo vendido atualmente é igual ou se parece muito com os últimos modelos dos áureos temps da marca.

    • Olá Frederico, era justamente o que eu queria saber. Eu vi muitas sendo vendida no Mercado Livre, numa vi o comentário de um dos compradores questionando a originalidade do produto, dizendo que o material e o acabamento são diferentes.

  • Eu morava em Minas, anos 90. A mochila Company era idolatrada pelo mineiros de Contagem. Na época custava um salário minímo. Naquele lugar naquela época você só era visto se tivesse uma Company, um Nike ou um Rainha System. Para os mais “pobrinhos”, a opção era uma mochila Bob Dog, mas não tinha o glamour da Company.

  • Muito bom o seu post , eu adorava a Pé do atleta, tênis, casacos , bermudas e mochila, só faltava ter salário da marca rsrsrsrsr , Eu tinha um tênis do Pe´do atleta preto camurça adorava , mochila Jeans bolso camurça marrom , saudade. Bobs da tijuca onda a galera se encontrava após o cinema.Saudade, obrigado Deus, Papai e Mamãe pela educação pela minha juventude.

  • Quem lembra das emblemáticas camisetas da Company , como a do time de rollerball do episódio de Armação Ilimitada-Jambo para matar e do filme Stallone-Cobra? Eram meus objetos de desejos da época. Minha ex-noiva tinha uma mochila destas de Nylon emborrachado que usou até metade dos anos 90.

  • Que isso fera!
    Viajei nos anos 80, tempos bons que não voltam mais.
    Já tive essas calças de carpinteiro e mochila emborrachada tinha que ser da company se não, não era onda!
    Tempos de matinês na Help em copa,São Conrado na Zoom e etc. só via essas marcas extraordinárias.
    Passo isso para os meus filhos, e falo que os dias de hoje não estão com nada,em marcas.
    Valeu Galera !

  • Muito bom os comentários,li todos,eu também vibrei muito com cada conquista desta marca , Company. A calça na época, parecia que me deixava com super poderes kkkkkk

  • Parabéns pela matéria!!!

    Sou nascido e criado em São Gonçalo, e quando tinha 14 anos, lembro-me de pedir minha mãe para comprar uma camisa da Company. Porém o máximo que consegui, foi comprar uma camisa da AIPA ( marca vendida pela PIER ). KKKK

    Mas, assim que começei a trabalhar no Bob’s Plaza Shopping Niterói, em 1993, tive a oportunidade de usar várias marcas da época, como: Redley ( Nauru, Kenner ), Anonimato ( Camisa), Alamoana ( Boné), Phillipe Martin ( Calça) e Company ( Carteira, Sunga de praia ).

    E o pior de tudo era pagar um valor alto pelas camisas e bermudas dessas marcas, e no domingo de sol, ir para Itaquatiara ou Piratininga ( Praias de Niterói), e usá-las na água do mar. kkkkkkk. Minha mãe falava horrores!!!

    Um forte abraço e viva os anos 80/90.

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